quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Programa de Saúde da Família!

    Na última quinta feira, dia 23, o dia começou bem chuvoso, e a vontade era de não ir ao estágio. Porém, decidi ir mesmo assim. Chegando lá, minha dupla e eu decidimos o que iríamos fazer, se ficaríamos na unidade para dar continuidade ao desenvolvimento do nosso familiograma ou se iríamos à VD. Por fim, decidimos ir para coletar as últimas informações que nos faltavam e dependendo do horário que voltássemos continuar com a nossa construção.
  Como sempre, fomos muito bem recebidos pela nossa família. Eles são pessoas maravilhosas, sempre vale a pena fazer uma visita e compartilhar experiências. No meio da nossa conversa, haja vista que a Dona M.L e o Sr M.J são hipertensos, perguntamos sobre a alimentação deles e demos algumas dicas de alimentação para o controle da pressão., evitando basicamente alimentos com alto teor salino. (Esse é um ponto que minha dupla e eu desejamos aprimorar mais para podermos de alguma forma intervir com dicas para um controle melhor.) Ao finalizar a nossa visita e voltarmos para o posto, a Dra. Patrícia nos fez um convite, perguntou-nos se gostaríamos de assistir a uma consulta feita por um dos novos internos que lá estão. Com muta satisfação fomos, e foi muito prazeroso. Aprendemos a aferir a pressão arterial, a pesar e medir os pacientes, bem como assistimos à realização do exame físico. As expectativas para o próximo encontro só aumentaram, visto que o interno nos deu a possibilidade de retorno, caso tenhamos um tempo disponível.
    Para nós, essa experiência já foi bem interessante, pois como todos sabem, o desejo do estudante de medicina é o quanto antes aprender um pouco mais sobre a prática da profissão.  Sem dúvidas, as aulas teóricas são indispensáveis, mas  a ansiedade pela execução da profissão também é imensa.
    Bem, pelo dia esses foram os fatos de maior relevância pra mim. Além da experiência trocada pelos colegas de turma que, como sempre, foi muito enriquecedora. A discussão à respeito da consulta realizada pelo outro interno a uma das senhoras, trouxe novas informações para nós.

    Em uma síntese sobre os acontecimentos dessas semanas de estágio em Novo palmares, fizemos cerca de  4 visitas domiciliares a mesma família, compartilhando informações e colhendo dados para o preenchimento da ficha A, a qual incluiu diversas informações a respeito da renda familiar, pessoas que moram na casa, grau de instrução, características da moradia, doenças crônicas, entre outras. Além disso, buscamos a genealogia da família, incluindo os casamentos anteriores dos nossos pacientes alvo, buscando o histórico de doenças dos familiares, bem como o relacionamento deles com os seus familiares, desde filhos até neto, irmãos, sobrinhos...
   Nos momentos de reuniões acrescentamos as experiências de cada dupla com base em suas visitas, compartilhamos doenças e possíveis medidas de interveção, além da análise do grau de risco em cada casa (baseado nos critérios já estabelecidos e mostrados nas microáreas da comunidade). 
    A leitura individual dos cadernos de diabetes e hipertensão do Ministério da Saúde e de textos para posteriores reflexões também foram requeridos. Reportagens para reflexões foram outros veículos utlizados. 
    Os conhecimentos das aulas teóricas foram fatores positivos de incremento ao estágio, já que trazem assuntos que estão diretamente relacionados com o nosso dia-a-dia no posto. As discussões, por exemplo, dos determinantes sociais de sáude, bem como a estratégia de saúde da família (abordados em sala) são temas interligados com a prática. Por exemplo, na realidade dessas famílias, percebemos a influência dada pela renda familiar, educação e moradia sobre a saúde dos indivíduos. Quanto mais desprovido economicamente, mais susceptível à doenças estão essas pessoas, não significando que apenas estas desenvolverão, mas devido aos escassos recursos, a prevenção e o tratamento tornam-se mais estreitos. E é então nesses pontos que atua o Programa de Saúde da Família, visando não somente o tratamento, mas de forma significante a prevenção dessas doenças, baseado em um vínculo construído entre profissional-paciente, sendo fato determinante a o entrosamento de toda uma família.   


  Para finalizar, deixo uma foto dos meus companheiros de viagem de todas as quintas feiras, rumo à Novo Palmares. Ficou faltando apenas o Rafael, que faltou no dia da foto. Com eles, as idas e vindas ficam bem mais agradáveis, mesmo quando pegamos extensos engarrafamentos...





Flávia Gomes

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Desenvolvimento do PSF!


   Inicio a postagem de hoje fazendo alguns comentários a respeito de duas reportagens publicadas no site do Ministério da Saúde.
     Uma, trata-se de elogios feitos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o nosso sistema de saúde, enquanto a outra, fala sobre a abertura de inscrições para a especialização de profissionais em Saúde da Família.
    De certa forma, essas reportagens se entrelaçam, visto que o avanço do Sistema de Saúde está diretamente relacionado com a competência e especialização dos profissionais da área, os quais trabalham em conjunto buscando um objetivo único que é a saúde integral dos seus pacientes. No entanto, o fim da primeira reportagem revela que novos investimentos são requeridos a fim de que esse sucesso não só permaneça, mas também cresça. Em um outro site, o enfoque dado a mesma reportagem se aplica em dados percentuais de investimentos das esferas municipal, estadual e federal à área da saúde. Ela revela que os investimentos a partir das esferas federal e estadual estão abaixo do padrão comparativo.(http://br.noticias.yahoo.com/s/08092010/25/manchetes-oms-elogia-sus-mas-pede.html)
   Esse fato é bastante preocupante e a relevância a ser dada deve ser significante, já que o desenvolvimento dos diversos programas de saúde implantados no nosso país depende desses investimentos.
     Com mais especificidade, podemos falar sobre o nosso alvo, que é o Programa de Saúde da Família, que como pode ser visto abaixo está entre os itens elogiados pela OMS. Em um exemplo prático, pode ser citada a situação dos funcionários que fazem parte da Equipe Saúde da Família no nosso local de estágio, Novo Palmares. Segundo informações passadas pelos nossos professores, eles estão com seus pagamentos atrasados a cerca de 2 meses, revelando notoriamente um efeito direto a níveis de verba governamental. Como temos visto, por conta desse fato alguns profissionais recusam-se a ir trabalhar regularmente, apoiando-se, justamente, em seus atrasos salariais. Da mesma forma, vemos outros que continuam seus serviços, por amor, mesmo sem os seus devidos pagamentos. Tanto de uma forma, quanto de outra, podemos perceber que o resultado final é o comprometimento das atividades e dos objetivos da Saúde da Família. Assim, de maneira prática verificamos como problemas de investimentos prejudicam o desenvolvimento dos programas de saúde.
     Em contrapartida, a segunda reportagem revela o crescimento da estratégia da Saúde da Família, mostrando a abertura de vagas para a especialização dos profissionais que atuam nesse ramo. Essa, é uma ação importantíssima, visto que o desenvolvimento dessa área tem sido muito relevante. Para tal, é necessário que investimentos sejam feitos a fim de que haja em conjunto o acompanhamento da eficácia do programa e bem como da satisfação dos profissionais atuantes, seja com todo o aparato tecnológico requerido, como também com o retorno salarial satisfatório.



OMS elogia avanços no sistema de saúde do Brasil


"A Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou os avanços no sistema público de saúde do Brasil em boletim publicado no endereço www.who.int, na última quarta-feira (8/9). A organização, que 0é a maior autoridade de saúde do mundo, deu destaque ao programa Estratégia de Saúde da Família, do Departamento de Atenção Básica (DAB), e ao esforço que vem sendo feito para a redução da mortalidade infantil no país, tema trabalhado pelo Departamento de Ações Estratégicas e Programáticas (DAPES), ambos da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS).

Na avaliação da OMS, o Brasil caminha rumo à cobertura universal da saúde pública, sendo que o programa Saúde da Família, que atende mais de 97 milhões de pessoas e possui cerca de 30 mil equipes de trabalho, é a peça-chave do Sistema Único de Saúde (SUS).  A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada por equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Essa estratégia foi iniciada em 1994 e tem crescido expressivamente nos últimos anos, apresentando resultados positivos nos indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida. Para a OMS o financiamento da Atenção Primária precisa melhorar para aperfeiçoar a estrutura existente e ampliar o atendimento a toda população, evitando o atendimento hospitalar.
Outro dado que consta no informativo da OMS é o da redução da mortalidade infantil, que passou de 46 óbitos por mil nascidos vivos, em 1990, para 18 mortes por mil nascidos vivos, em 2008. Essa redução levará o Brasil a alcançar, em 2012, a quarta Meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, três anos antes da data limite fixada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A OMS também fez um alerta para a necessidade de solução do financiamento da saúde no país. Os entrevistados foram unânimes em dizer que a falta de recursos é o empecilho para a continuidade dos bons resultados. “Apesar de os problemas relacionados ao financiamento, houve melhoras significativas no setor saúde no Brasil”, informa o boletim da OMS."
                     

    Abertas as inscrições para Especialização em Saúde da Família


"Estão abertas as inscrições para especialização em Saúde da Família e Comunidade, Gestão da Atenção à Saúde do Idoso, Informação Cientifica e Tecnológica em Saúde e para o Curso Técnico em Registro e Informações em Saúde. O público-alvo são profissionais graduados, primordialmente nas áreas da saúde e informação. Com a certificação de Hospital de Ensino, o Grupo Hospitalar Conceição é um centro formador em gestão, atenção e pesquisa na área da saúde, focado para as exigências do Sistema Único de Saúde (SUS) e dedicado à formação multiprofissional. (..)
 http://200.214.130.35/dab/noticia/noticia_ret_detalhe.php?cod=1075



    Após terem sido feitas essas considerações, complemento com o relato dos acontecimentos da quinta feira passada, em Novo Palmares. Como já havíamos fazendo, continuamos com as visitas domicialiares à casa da Dona M.L e o Sr M. J. Agora, essas visitas têm sido mais direcionadas a coletagem de informações para a construção do nosso familiograma, que inclusive já demos início. Muitas informações são necessárias para que uma linhagem das gerações possa ser feita obedecendo as características genéticas. Durante essas pesquisas, descobrimos algo interessante. Descobrimos que o ex-esposo da Dona M.L era hemofílico, chegando ao óbito, segundo informações dadas por ela, em função da Hemofilia. Com mais perguntas, descobrimos que 9 dos irmãos desse senhor também tinham a doença, tendo a maioria morrido por conta disso. Descobrimos também que uma das filhas da Dona M.L herdou a doença.
Um pouco de esclarecimento:
"A hemofilia é uma doença hemorrágica, caracterizada pela deficiência dos fatores VIII (hemofilia A) ou IX (hemofilia B) da coagulação. A hemofilia pode ser de origem adquirida ou congênita (hereditária). A forma adquirida, mais rara, decorre de doenças auto-imunes, câncer, gravidez, dentre outras, sendo, mais frequentemente, de origem idiopática. A forma congênita é uma doença genética, de herança recessiva ligada ao sexo, resultante de mutações nos genes que codificam os fatores VIII ou IX da coagulação, ambos localizados no braço longo do cromossomo X. A hemofilia não tem cura e a base do seu tratamento é a infusão do concentrado do fator deficiente, que pode ser de origem plasmática ou recombinante. Uma das complicações mais temíveis dos pacientes com hemofilia refere-se ao desenvolvimento de inibidores, que são anticorpos policlonais da classe IgG direcionados contra os fatores VIII e IX infundidos (aloanticorpos). Neste caso, os pacientes acometidos passam a não responder a infusão do fator deficiente e apresentam episódios hemorrágicos de difícil controle."

    Esse histórico é fundamental para que a prevalência de doenças possam ser verificadas na genealogia das famílias. Outro fato interessante é que os pais da Dona M.L, bem como ela e muitos dos seus irmãos são hipertensos, mostrando que a predisposição genética para o desenvolvimento dessa doença atrelado com fatores sociais, como renda da família, alimentação e conteúdo informativo (considerando-se que são provenientes de uma família humilde) são fortes determinantes para o estabelecimento da doença. 
   Nesse caso, condutas importantes a serem dadas e eles por nós seriam informações sobre a doença e como um controle com a alimentação pode ser benéfico para conter a progressão da doença.
   

Flávia Gomes

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Programa Saúde da Família
"A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade." (http://portal.saude.gov.br)





     Esta é uma foto tirada em frente ao Posto de Saúde da comunidade Novo Palmares. É aí onde temos os nossos encontros com os professores e onde a população local recebe atendimento. Na foto estou junto com a Joyce, minha dupla de atendimento às famílias.
    O nosso trabalho para esse semestre será acompanhar os idosos que residem nos lares para onde nos designaram. Já o iniciamos, e tem sido maravilhoso! Pela primeira vez na faculdade, chegamos o mais próximo da prática médica que tanto almejamos. 

   Estivemos por 2 quintas-feiras na casa da Dona M.L e do Sr M.J. Nas duas vezes os encontramos em casa, juntamente com a filha da Dona M.L. Fomos muito bem recebidas! Adorei a receptividade deles. Uma das melhores sensações que tive até agora desde que iniciei a faculdade...Pude me sentir um pouco médica, e quando eles trouxeram os exames para que víssemos  fiquei mais realizada ainda.
   Nos primeiros contatos, atualizamos o cadastramento deles e de toda a família, que inclusive é muito grande! Conversamos um pouco sobre o que eles achavam do PSF, e obtivemos muitos elogios.
    Os dois são pacientes *hipertensos a muitos anos, e fazem uso de medicamentos para controle. A Dona M.L também já foi **diabética, mas hoje, sua taxa de glicose baixou e está dentro dos parâmetros de normalidade.
     Esses são eles:



      A partir dessa semana, começaremos a construir o nosso familiograma.
         
                                                                                             Flávia Gomes
*A Hipertensão Arterial Sistêmica é a mais freqüente das doenças cardiovasculares. É também o
principal fator de risco para as complicações mais comuns como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal.
**O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.
(Dados tirados do Caderno de Atenção Básica- divulgado pelo Ministerio da Sáude)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Futuro da Humaninade!

" Um dia todos nós vamos para a solidão de um túmulo. Uma criança de um dia de vida já é suficientemente velha para morrer. A morte é a derrota da medicina. Todavia, apesar das limitações da ciência, devemos usar todas as nossas habilidades não apenas para prolongar a vida, mas para fazer dessa breve existência uma existência inesquecível. Os médicos devem ser pessoas de rara sensibilidade, artesãos das emoções, profissionais capazes de enxergar as angústias, as ansiedades e as lágrimas por trás dos sintomas. Caso contrário, tratarão de órgãos e não de seres humanos. Acima de tudo, os médicos, bem como todo profissional que cuida da saúde humana, devem ser vendedores de sonhos. Pois, se conseguirmos fazer nossos pacientes sonharem ainda que seja com mais um dia de  vida ou com uma nova maneira de ver suas perdas, teremos encontrado um tesouro que reis não conquistaram..."

         (Por Augusto Cury em O Futuro da Humanidade) 


       Para dar início à extensa série de postagens que se seguirão nesse endereço eletrônico, escolho este texto referência de um excelente escritor e psiquiatra brasileiro, o ilustre Augusto Cury. Vejo neste texto a essência da medicina. O médico não deveria ser apenas o meio requerido nos momentos de sinais de falência da incrível "máquina humana", mas em todos os outros nos quais a saúde humana requer zelo e apreço, ou seja, sempre. Pois se assim acontecesse, vínculos poderiam ser estabelecidos entre médico e paciente, de maneira que juntos trabalhariam em prol de um mesmo objetivo: a saúde (seja ela em todos os âmbitos). E talvez, tão importante quanto isso, entenderíamos que os médicos, assim como citado no texto, não são apenas "cuidadores de órgãos",  mas também vendedores de sonhos!

      O Programa de Saúde da Família resgata essa essência básica, visto que busca a relação profissional da área de sáude-paciente de maneira integral. Por efeito, é capaz de construir um vínculo de confiança entre as partes, de maneira que os objetivos da medicina progridem, buscando o entendimento do paciente e naturalmente o trabalho preventivo de toda uma família.


                                                                       Flávia Gomes